Achachairu ou chachairu
Planta originária da Bolívia
"Os frutos em São Paulo amadurecem em dezembro; no Sul, entre janeiro e fevereiro; no Nordeste, de fevereiro a abril; e, na Amazônia, entre outubro e fevereiro" (Foto: Shutterstock)
Parente do mangostão, com sabor que lembra o do araçá e, às vezes, confundido com bacupari, bacuripari e bacurizinho, o achachairu é mais um fruto exótico plantado aqui com potencial para cultivo comercial. Embora ainda pouco difundido no mercado nacional, já vem sendo negociado há alguns anos na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), a maior central de abastecimento da América Latina.
Também chamado de chachairu e tatairu, o achachairu já foi alvo de pesquisa do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) com o objetivo de obter mais conhecimento sobre o comportamento da frutífera fora de seu hábitat. O achachairu é nativo da Bolívia, com produção abundante em Porongo, município a 20 quilômetros de Santa Cruz de la Sierra, onde festas ocorrem em janeiro de cada ano para promover a fruta e seus derivados, como sucos, licores, sorvetes e doces.
Por ser duradouro e contar com sabor agradável e bom rendimento da polpa, o achachairu é considerado um fruto com boas perspectivas de comércio. Resistente, tem capacidade de se manter conservado no transporte para distribuição nos pontos de vendas, estendendo o prazo de validade em bancas de feiras, mercearias, varejões e supermercados.
De aparência semelhante a uma nêspera, o achachairu tem 2,5 centímetros de diâmetro e pesa entre 15 e 55 gramas, sendo 40% correspondentes à parte comestível. Isolados ou agrupados, os frutos se distribuem nos ramos da planta, que atinge até 6 metros de altura, com copa cônica de 4 a 5 metros e flores brancas e pequenas.
O achachairu está pronto para ser colhido quando a casca adquire coloração amarelo-escuro, indicando que o fruto atingiu um bom conteúdo de açúcares (de 15° a 18° Brix) e acidez baixa (de 0,5% a 0,8%). As plantações em São Paulo chegam ao amadurecimento em dezembro; no Sul, entre janeiro e fevereiro; no Nordeste, nos meses de fevereiro a abril; e, na Amazônia, entre outubro e fevereiro.
Pertencente à família Clusiaceae, o achachairu também é usado na indústria farmacêutica. Dos frutos e folhas podem ser extraídas substâncias químicas como biflavanoides e benzofenonas, que têm funções anti-inflamatórias, imunotóxicas, antioxidantes e anticancerígenas. Na medicina popular, os frutos e as folhas da planta são utilizados como cicatrizantes, digestivos e laxantes, além de serem indicadas para tratamentos de reumatismo, úlcera gástrica e inflamações.
Mãos à obra
>>> INÍCIO Introduzido aqui na última década do século XX, o achachairu tem sementes e mudas ofertadas por colecionadores de espécies frutíferas espalhados pelo país. Cultivos em pequenas escalas podem ser encontrados em São Paulo, Minas Gerais, Pará, Goiás e Pernambuco.
>>> AMBIENTE O achachairuzeiro prefere os climas tropical e subtropical, mas tem boa adaptação em regiões com condições climáticas diferentes. Por isso, seu cultivo pode ser realizado em todas as regiões brasileiras, com a recomendação de descartar as áreas sujeitas a geadas no sul do país.
>>> PROPAGAÇÃO Pode ser por sementes e por enxertia, pelo método de garfagem em fenda cheia, sendo o porta-enxerto o próprio achachairuzeiro obtido por sementes. Para a produção de mudas ou porta-enxertos, as sementes devem ser retiradas de frutos maduros, despolpadas e semeadas o mais rápido possível. A germinação inicia-se 30 dias após a semeadura e prolonga-se por até 65 dias. Depois de seis a oito meses, as mudas estão aptas para o plantio e os porta-enxertos para serem enxertados. As mudas podem ser produzidas em sacos de plástico sanfonados com dimensões mínimas de 17 centímetros de largura por 27 centímetros de comprimento, contendo como substrato a mistura de solo (70%) e esterco curtido ou composto orgânico (30%).
>>> PLANTIO No campo, é feito quando a planta atinge 30 centímetros de altura. Remova-a do saco plástico e a acomode em uma cova de 30 por 30 centímetros preparada com 250 gramas de calcário, 250 gramas de superfosfato simples e 5 litros de esterco de curral curtido. Em seguida, molhe bem e irrigue sempre que precisar. Cubra com folhas de palmeiras ou tela tipo sombrite.
>>> ESPAÇAMENTO Para mudas oriundas de sementes, deve ser de, no mínimo, 8 metros por 8 metros e, para plantios com plantas enxertadas, de 7 metros por 7 metros, ou um pouco mais adensado (7 metros por 6 metros).
>>> CUIDADOS A planta é bastante sensível à falta de água. Portanto, em regiões com longos períodos de estiagem, é necessária irrigação suplementar. A espécie responde muito bem a adubações orgânicas e químicas. Exemplares com mais de cinco anos de idade devem receber, anualmente, entre 15 e 20 litros de esterco bovino ou cama de aviário, ou, ainda, composto orgânico. Nos dois primeiros anos após o plantio, proteja o achachairuazeiro da radiação solar direta, fazendo cobertura parcial com folhas de palmeiras.
>>> PRODUÇÃO Tem início no quarto ou quinto ano após o plantio de muda obtida por semente. Do processo de enxertia, a planta começa a frutificar em três anos. Em média, cada árvore produz de 2 mil a 3 mil frutos por ano.
Raio X
Solo: de terra firme e sem alagamento prolongado
Clima: tropical e subtropical
Área mínima: pode ser plantada em quintais de residências
Colheita: para mudas oriundas de sementes, de 4 a 5 anos após o plantio, e enxertadas, depois de 3 anos
Onde comprar: mudas podem ser adquiridas em viveiros, sobretudo os localizados no sudeste do país. Colecionadores de espécies frutíferas também dispõem de sementes de achachairu
Fonte:Globo Rural